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sábado, 30 de abril de 2011

Bongô!

A primeira vez que ouvi o som de um bongô foi nos discos LP antigos de rumba, mambo e salsa do meu pai, que era, e é, fascinado por música caribenha (entre muitos outros estilos). De cara gostei do instrumento, além do som, gostei mais ainda mais por ser um instrumento pequeno para guardar e barato para comprar (meu primeiro bongô eu ganhei de presente de uma namorada). Mas me apaixonei realmente pelo instrumento, em uma das muitas “tardes musicais” na casa do meu  amigo Fernando Pita; onde ele desfilava sua vasta e eclética coleção dos mais diversos estilos desde rocks progressivos da escandinávia até raridades do undergroud e da MPB nacional. Numa dessas vezes ele me apresentou um LP de um violonista espanhol chamado Paco de Lucia, contendo uma música chamada “Entre dos aguas”, que além de uma exibição de talento e virtuosidade no instrumento de cordas, trazia uma execução de bongô que me deixou boquiaberto e eu logo quis aprender para poder tocar dez por cento do que eu ouvi esse cidadão (que até hoje não sei o nome) fazer. - Um dia eu chego lá! -  Abaixo, além de uma breve apresentação do instrumento para quem não o conhece, coloquei dois vídeos retirados do YouTube: um com a versão em estúdio de "Entre dos aguas" (que é a que eu mais gosto) e a outra com uma versão da música ao vivo de 1976, que pode  dar uma ideia de como se toca o intrumento:

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O Bongô é um dos mais famosos integrantes dos Membrafones, é um Instrumento Musical de Percussão, do qual, o cidadão que o toca chamamos de bongocero, ou tocador de Bongô mesmo. Basicamente, ele é composto por dois pequenos tambores geminados, unidos entre si e percutido com os dedos.

Ninguém sabe ao certo onde o Bongô, surgiu. Tambores semelhantes já foram vistos no Egito antigo, no oriente médio, onde aliás, são conhecidos por “Marwas” e em Marrocos onde são chamados de “Tbila”. E tem ainda as Tablas, instrumentos Indianos, que são tipo uns primos distantes de nossos referidos Bongôs.

Já em sua forma moderna, a origem do Bongô “de hoje” é datada do século XIX, na província de Oriente, Cuba. Era um instrumento muito utilizado pelos grupos de Son e Changui, estilos musicais oriundos da fusão da música africana com a música espanhola, que deram origem ao grupo de ritmos conhecido hoje como Salsa. Seu uso por estes tornou-se menos significativo na década de 1940, quando as Tumbadoras foram introduzidas nas orquestras de baile.

Porém, nesta mesma época, o bongô começou a ser utilizado como o símbolo para os novos ritmos que surgiam. Seu tamanho e seu preço acessível fizeram do bongô uma moda, tanto como instrumento musical, como souvenir. Um famoso bongocero que ajudou na construção deste sucesso comercial foi Jack Costanzo, conhecido como Mr. Bongo, ao acompanhar Nat King Cole.

Outros grandes nomes deste instrumento, e que devem ser tomados como referência são: Ray Romero, Armando Peraza, Willie Rodriguez, Ray Barreto, Patato Valdez, Manny Oquendo e Mongo Santamaría.

Os Bongôs são em geral abertos na extremidade oposta da pele e o corpo é geralmente cônico e constituído de várias peças de madeira encaixadas e presas por um ou mais anéis metálicos, numa construção semelhante a um barril. Encontram-se também menos frequentemente, bongôs que são feitos de uma única peça de madeira escavada ou de meia seção de um coco ou cabaça.


O meu bongô.

Um dos tambores tem um diâmetro um pouco maior do que o outro. Embora não tenham altura definida, a tensão da pele pode ser ajustada para obter a faixa de timbres desejados. A diferença de tamanho faz com que um dos tambores seja mais grave do que o outro. O tambor maior e mais grave é chamado de hembra (fêmea em espanhol) e o menor e mais agudo é o macho.

O macho tem em média um diâmetro de 6 a 6½” (15 a 16 cm), enquanto a hembra possui este valor em torno de 7½ a 8″ (cerca de 20 cm). A pele utilizada pode ser de gado, cabra ou mula.

Em Cuba, é possível encontrar o uso de filmes de raio-X como pele para os Machos. Antigamente, a pele era pregada ao casco. Hoje, o sistema de afinação é feito através de aros de metal e parafusos.
Durante a execução, os bongôs são colocados em um suporte com altura ajustada para que o percussionista possa tocá-lo de pé. Também é possível tocá-lo sobre o colo, ou preso entre as pernas, com cuidado para que as aberturas não sejam bloqueadas.

O bongô é tocado por percussão da pele com as mãos. Sons diferentes podem ser obtidos se a pele for golpeada no centro ou na beirada e também há variações de acordo com a parte da mão utilizada. A ponta dos dedos proporciona um som mais brilhante enquanto que a palma gera um timbre abafado.

Efeitos adicionais podem ser obtidas se uma das mãos for usada para pressionar a pele de um dos tambores enquanto a outra é usada para bater. Isso permite variar a altura obtida pela mesma pele. Geralmente os dois tambores são tocados simultaneamente, um sendo usado para os baixos e o outro para as notas agudas, proporcionando células rítmicas bastante rápidas e complexas.

Os bongô são utilizados principalmente na música do caribe, tal como a rumba, salsa, merengue. Nestes ritmos normalmente é tocado junto com congas e tumbadoras. O padrão básico do bongô é o chamado martillo (martelo) que marca o primeiro e terceiro tempos sobre o macho e o quarto tempo sobre a hembra. As mãos se alternam, a direita marca os tempos e a esquerda preenche os espaços com variações rítmicas que permitem executar variações bastante criativas sem nunca deixar o papel de sustentação de ritmo.

Em uma orquestra tradicional, o bongocero possui duas funções. Durante a introdução, os versos e os oslos de dinâmica baixa, ele toca o bongô. Quando a música cresce, pelo fato do bongô ser um instrumento de volume sonoro inferior aos outros, o bongocerro troca de instrumento, passando a tocar a Campana (uma espécie de cow-bell, em espanhol, cencero).
  

Um comentário:

  1. bom demais,dom que Deus deu
    mas se usado pra louvar a Deus...

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